Dezembro chegou e com ele, as festas. Confraternização da empresa, amigo secreto, Natal em família, Reveillon na praia, enfim, muitas festas! E haja espumante para comemorar as conquistas alcançadas do ano que está findando e para brindar as esperanças e projetos para 2013.
Tem gente que não gosta, mas eu adoro beber espumante em qualquer ocasião. Já participei de alguns cursos e palestras sobre vinhos e espumantes, em várias vinícolas da Serra Gaúcha, e quero passar para você um pouco sobre o que eu aprendi nestas minhas visitações.
Vou começar explicando porque o correto é chamarmos de espumante e não de champagne.
Champagne é, na verdade, a denominação de origem dos espumantes naturais elaborados na região de Champagne (França), localizada a 120km de Paris, onde é obrigatória a utilização o método Champenoise/Tradicional para a elaboração dos espumantes. Principais cidades produtoras: Reims e Epernay.
O nome Champagne foi patenteado e somente espumantes produzidos nesta região é que podem ser chamados por este nome. Salvo exceções, como explico a seguir.
Belíssima região de Champagne, na França
Curiosidade: a Vinícola Peterlongo, localizada na cidade de Garibaldi/RS, foi a pioneira na produção de champagne no Brasil e é a única vinícola brasileira autorizada judicialmente a utilizar o termo champagne em seus produtos. Todos os demais devem ser chamados de espumantes, apesar do processo de fabricação ser semelhante.
Sinônimo de luxo e sofisticação, antigamente era uma bebida exclusiva de reis, nobres e das classes mais afortunadas. Hoje já está ao alcance de todos, e mesmo popularizada, ainda simboliza momentos muito especiais.
Chamado de o "Rei dos Vinhos" o Champagne é o maior símbolo da categoria de espumantes naturais.
Famosa marca de Champagne: Veuve Clicquot Ponsardin
A denominação espumante natural porque o gás carbônico obtido é natural da fermentação provocada em um vinho base, e não incorporado através da gaseificação industrial.
Esta fermentação, também chamada de "tomada de espuma", provocará a formação e a incorporação do gás carbônico no líquido. Ele é responsável pelas borbulhas e pelo movimento do espumante quando aberto.
São três os métodos de fermentação do espumante natural:
Método Charmat (pronúncia: charmá)
Charmat é o nome do engenheiro que desenvolveu o método para realizar a segunda fermentação em tanques de inox, ao invés da própria garrafa. Estes tanques - autoclaves - são recipientes de grande porte e resistentes a pressão. A duração é de aproximadamente 45 dias e, após este período, o espumante é filtrado e engarrafado a baixa temperatura em equipamentos que garantam a permanência plena do gás carbônico natural.
O princípio de elaboração do espumante é o mesmo do método champenoise, pois o vinho base fermentado em ambiente fechado produz pressão por meio do dióxido de carbono liberado na fermentação do mosto pelas leveduras. Após a tomada de espuma, o espumante é filtrado para eliminar sua turbidez, ou seja, "limpar" sua coloração. Isso é sempre realizado em condições adequadas para que não haja perda de pressão.
Fermentação em grandes autoclaves - Vinícola Perini, em Farroupilha/RS
O método Charmat é um procedimento de porte industrial, desenvolvido para simplificar a elaboração de espumantes, obtendo maiores volumes e reduzindo muito os custos de produção.
Método Champenoise/Tradicional (pronúncia: champenoá)
Geralmente é elaborado com uvas Pinot Noir e Chardonnay, mas, dependendo da região, também pode ser elaborado com outras variedades. Este método é obrigatório na elaboração de espumantes na região de Champagne, França.
Passo a passo do Rémuage, método de armazenamento das garrafas no processo de fermentação Champenoise - Vinícola Salton - Bento Gonçalves/RS
O painel acima mostra como funciona o rémuage, no método Champenoise: as garrafas sofrem rotações periódicas e inclinações progressivas, sempre com o gargalo para baixo.
Essa touquinha ridícula é obrigatória em algumas visitações.
Garrafas de espumantes em processo de fermentação - método Champenoise - Vinícola Casa Valduga - Bento Gonçalves/RS
Na foto acima, as luzes da cave acenderam devido aos sensores de presença, pois os espumantes ficam fermentando abrigados da luz e do calor.
No método Champenoise, a segunda fermentação é realizada na própria garrafa de comercialização, por um período de aproximadamente um ano, o que torna o produto maduro e com profunda complexidade de aromas e sabores. Após a fermentação concluída, as garrafas são abertas manualmente para serem retirados os sedimentos e lacradas definitivamente com a rolha de cortiça. Devido ao tempo de elaboração mais demorado, possui uma produção menor e o custo final mais elevado.
Método Asti/Moscatel
O espumante Asti surgiu na Itália, na região que leva esse nome, ao norte do país e hoje é elaborado em poucas regiões fora do país. No Brasil é chamado de Moscatel.
Vinícola Salton - espumantes processo Asti armazenados em recipientes com baixas temperaturas, controladas digitalmente.
Para sua elaboração, parte-se do mosto (suco) da uva e não do vinho base. Esse produto, ao contrário de outros espumantes elaborados com duas fermentações, é resultante de uma única fermentação, que é interrompida baixando-se bruscamente a temperatura durante o processo, evitando que todo o açúcar seja transformado em álcool. Dessa forma, o espumante obtido terá menor graduação alcoólica e maiores índices de açúcar residual, que o torna um espumante doce. Para que as propriedades do mosto não sejam perdidas ele é armazenado em recipientes especiais a baixas temperaturas. É um espumante natural elaborado a partir de uvas da família das Moscatéis, por isso é sempre jovem e aromático. O custo final de um espumante Moscatel é o mais acessível em relação aos outros dois métodos.
Agora que você conhece um pouco sobre o processo de fermentação do espumante natural, você precisa saber que nem tudo o que borbulha é espumante! Alguns exemplos:
- Vinho frisante: vinho gaseificado naturalmente ou não. Volume de álcool de 7 a 14%. Ex.: Lambrusco.
- Filtrado doce: suco de uva parcialmente fermentado ou não - com adição de vinho - e álcool. Volume alcoólico entre 2,5 e 5%.
- Cidra: fermentado de maçã, com gás artificial e álcool. Volume alcoólico entre 4 e 8%.
Bom dia Ana
ResponderExcluirDeve ter sido uma experiência bem interessante. Gosto dos espumantes.
Um ótimo final de semana para vc.
AMIGA DA MODA by Kinha
Bom dia Kinha! Minhas bebidas preferidas são o vinho e o espumante e todo ano faço algum curso para me atualizar com as novidades. Aproveito também para bebericar os lançamentos, hehehe... Um ótimo final de semana para você também. Bjs
ExcluirQue post delicioso!!! Adoro espumantes, principalmente Champagne de verdade!
ResponderExcluirE as cidras que séap feitas aqui na França mesmo são uma delícia!!!
Estive em Reims mas não visitei nenhuma "cave", fica para a próxima!!! E as vinícolas de bento Gonçalves e região são muito interessantes a visitar!
Oi Milena, só de escrever o post eu fiquei com vontade de beber espumante...
ExcluirQuando você visitar alguma cave na região de Champagne, faça um post. Deve ser realmente muito linda e interessante aquela região. Bjs
bem explicativo seu post, adorei. Adoro este tipo de bebida para datas comemorativas, acho que tem tudo a ver. Bjus
ResponderExcluirMuito obrigada! Bjs
ExcluirAdoro espumante,o ano inteiro rs!
ResponderExcluirTenho vontade de fazer cursos para conhecer melhor,acredito que deve ser uma delícia né!
Bjos
Eu também, em qualquer ocasião! É muito bom mesmo a gente aprender um pouco mais sobre esta bebida, vale a pena! Bjs
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